RETROSPECTIVA 2017 – Se estivéssemos na segunda metade da década de 1960, período em que foi forjada e alimentada uma rivalidade que nunca existiu entre Caetano Veloso e Chico Buarque, era bem capaz de o público ficar dividido na hora de eleger os grandes shows deste ano de 2017. Porque foram feitos por esses geniais artistas, ícones da MPB criada e projetada na era e na plataforma dos festivais da canção, dois shows que merecem o adjetivo de antológico no ano que amanhã se finda. Shows que estrearam no último trimestre de 2017, a tempo de marcarem o ano.
Caetano voltou à cena em outubro, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), mas não veio sozinho. Trouxe os filhos Moreno Veloso, Tom Veloso e Zeca Veloso, todos filhos da deusa música, como ficou comprovado no palco entre canções, risos cúmplices e a emoção provocada pela apresentação de um roteiro que puxou o cordão umbilical do clã dos Veloso, perpetuando a herança musical da família de origem baiana.
Chico Buarque no show 'Caravanas' (Foto: Divulgação / Leo Aversa) Chico Buarque no show 'Caravanas' (Foto: Divulgação / Leo Aversa)
Já Chico Buarque voltou à cena em dezembro, em Belo Horizonte (MG), com o show Caravanas, baseado no requintado álbum homônimo lançado em agosto pelo cantor e compositor carioca. A rigor, o show Caravanas ainda vai passar pelo Brasil, em turnê que recomeça em 4 de janeiro no Rio, mas já fez barulho na capital de Minas Gerais pelo roteiro repleto de recados políticos para os haters e ratos da web. Caravanas, o show, é um manifesto em favor da batucada de uma nação silenciada por noites de fogueiras desvairadas.
Irmanados pelo tempo rei, Caetano e Chico fizeram dois shows antológicos em ano em que também houve espaço para a delicadeza do Som e fúria das cantoras Jussara Silveira e Rita Benneditto, para a reunião de Paulinho da Viola com Marisa Monte, para o baticum eletrônico da BaianaSystem (em momento de confirmação em cena da força renovadora que vem da Bahia) e para a explosão carismática de Pabllo Vittar, entre centenas de shows de centenas de outros artistas. Em 2017, os palcos brasileiros foram ocupados pela diversidade que pauta a música do país desde que o samba é samba.
Fonte: G1